Câncer e hidratantes: Estudo chega a resultado alarmante
ALESSANDRA NOGUEIRA Em 18.08.2008 as 0:26
Quatro hidratantes comuns aumentaram o aparecimento de câncer de pele em estudos científicos.
Os estudos foram realizados em ratos. Mas a descoberta inesperada sugere que estes (e talvez outros produtos) podem não ser tão seguros quanto pensávamos.
Em um estudo sobre câncer de pele relacionado ao sol, a aplicação freqüente dos produtos resultou em mais tumores e tumores de crescimento mais rápido. Pesquisadores afirmam que estes resultados foram inesperados, pois não imaginavam que haveria atividade cancerígena nestes produtos.
O estudo seguinte do grupo tinha o objetivo de utilizar o Dermabase em humanos para aplicar cafeína de maneira tópica, pois ela preveniu o câncer de pele em estudos com animais. Portanto eles pensaram que seria prudente testar se o hidratante isoladamente para verificar se ele não teria uma ação protetora contra o câncer. Para a sua surpresa o resultado foi exatamente oposto.
Isto os levou a testar tanto o Dermabase quanto outros três hidratantes, que eles esperavam poder utilizar em testes em humanos com cafeína. Para estes novos estudos em animais os pesquisadores utilizaram ratos sem pelos que sofriam irradiação de luz ultravioleta duas vezes por semana, por 20 semanas. Se mais irradiações os ratos desenvolveram câncer de pele; de maneira muito similar a humanos quando há excesso de exposição ao sol nos primeiros anos de vida.
Em seguida, durante cinco dias da semana, por 17 semanas, os pesquisadores esfregaram o hidratante na pele dos animais. O Dermovan aumentou o número de tumores em 95%, o Dermabase em 69%, o Vanicream em 58% e o Eucerin em 24%.
Segundo os cientistas a pergunta milionária seria: E em humanos? E a resposta é desconhecida. O estudo apenas alerta sobre a necessidade de que epidemiologistas estudem as pessoas que estão usando cremes hidratantes. Segundo eles, as empresas que fabricam estes produtos deveriam fazer estudos em animais para descobrir se seus produtos são cancerígenos.
Os hidratantes em si não causaram o câncer nos animais. Isso foi conseqüência da exposição à radiação no começo de suas vidas. Mas os cremes fizeram que os tumores aparecessem mais cedo e progredissem mais rapidamente. Isso pode significar que o uso de tais produtos pode tornar o câncer mais fatal.
E o câncer de pele está mesmo cada vez mais comum em humanos. É o tipo de tumor responsável por mais que a metade de todos os outros tipos de câncer
Mas o que promove câncer nestes produtos?
A equipe de cientistas pediu para a Johnson & Johnson fazer um creme customizado sem dois ingredientes que já foram conectamos com irritação da pele (lauril sulfato de sódio) e aumento de tumores (óleo mineral). Este creme não aumentou as chances de câncer.
Mas nem todos os produtos testados utilizavam exatamente estes ingredientes, portanto não se sabe exatamente o que pode estar ligado ao câncer. E é óbvio que a pele humana e dos ratos é diferente, porém o animal é considerado um bom análogo.
O estudo foi publicado na edição de 14 de agosto da edição online da revista Journal of Investigative Dermatology. [WebMD, eFlux, Foodconsumer]
Esclarecimento
O Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A esclarece alguns pontos relacionados aos
resultados apresentados no artigo "Efeito oncogênico de alguns cremes hidratantes de
uso comum quando aplicados de forma tópica em ratos de alto risco pré-tratados com
UVB", publicado pelo Journal of Investigative Dermatology em agosto de 2008.
Os efeitos observados durante o desenvolvimento dos testes não possui relação de
causa com a aplicação do hidratante na pele dos ratos após a exposição aos raios
UVB. O Aché esclarece ainda que o título do artigo "Efeito oncogênico de alguns
cremes hidratantes mais usados..." é por si só enganoso, uma vez que nenhum dano
indutor de câncer foi gerado pela aplicação dos produtos cosméticos testados.
Além disso, relacionar os resultados obtidos em testes animais com humanos requer a
análise das diferenças entre as espécies. Os ratos utilizados no estudo não eram
normais, mas uma linhagem especial altamente suscetível ao desenvolvimento de
tumores quando expostos à radiação UVB. Outro ponto a destacar é a metodologia
adotada nos testes, não compatível com modelos cientificamente aceitos ou validados
na investigação de questões toxicológicas, geralmente exigidos pela comunidade
científica mundial. Por fim, vale ressaltar que o produto mencionado no estudo não é
comercializado no Brasil.
Desde abril de 2007, o Aché firmou uma aliança estratégia com o grupo Beiersdorf
para a comercialização da linha de produtos dermocosméticos Eucerin no Brasil. Os
produtos da marca contam com histórico de segurança de mais de 100 anos em todo o
mundo, sem que qualquer incidência dessa natureza tenha sido relatada.
Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A
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